quarta-feira, 1 de julho de 2009

Quero que saibas uma coisa.

Tu sabes como é: se olho a lua de cristal,
os galhos vermelhos do outono em minha janela,
se toco junto ao fogo as impalpáveis cinzas no corpo retorcido da lenha,
tudo me leva a ti,
como se tudo o que existe: aromas, luz, metais,
fossem pequenos barcos que navegam em direção às ilhas tuas que esperam por mim.

Agora,
bem, se pouco a pouco tu deixares de me querer pararei de te querer pouco a pouco.
Se de repente me esqueceres não me procure,
pois já terei te esquecido.
Se consideras violento e louco o vento das bandeiras que passa por minha vida
e decidires me deixar às margens do coração no qual tenho raízes,
lembra-te que nesta dia, a esta hora levantarei os braços e minhas raízes partirão em busca de outra terra.

Masse em cada dia,
cada hora,
sentires que a mim estás destinado com implacável doçura,
se em cada dia levantares uma flor em teus lábios para me buscares,
oh meu amor, oh minha vida,
em mim todo esse fogo se reacenderá,
em mim nada se apaga ou se esquece,
meu amor se nutre do seu,
amado,
e enquanto viveres estará em teus braços sem deixar os meus.

(Pablo Neruda)

1 comentário:

Rui Mendes disse...

Antes de chegar ao fim sabia que iria acabar com "Pablo Neruda".

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